Diaspóricas II - O filme, tem estreia marcada em Goiânia no Sertão Negro

Depois de ser ovacionado no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental ( FICA), realizado na Cidade de Goiás, nos dias 11 a 16 de junho, Diaspóricas II - O Filme, estréia em Goiânia no dia 29, próximo sábado, às 17 horas nas sessões do Cineclube Maria Grampinho, no Sertão Negro Atêlie e Escola de Artes, localizado na Rua Goiazes, Q. P L.9, Setor Shangri-lá. Ainda serão exibidos dois curtas: Fala Sincera (Yacewara Pataxó, 2023) e Ooni (Lilly Baniwa, 2021).
O evento marca o encerramento do Projeto “Cinemas negros e indígenas para sonhar outros mundo”, realizado pelo Cineclube Maria Grampinho e ao mesmo tempo lança o filme para o público. Após a exibição do filme, com distribuição de suco e pipoca, acontecerá uma roda de conversa com a musicista Kesyde Sheila e a diretora e roteirista do longa Ana Clara Gomes, mediada pela produtora do filme, Jordana Barbosa.
“O longa abre caminho para as mulheres negras que fazem cinema negro feminino, leva-nos a outros públicos, a outros patamares de recepçãos que passarão a conhecer o Projeto Diaspóricas e artistas do cerrado”, reforça a diretora.
Ana Clara ainda afirma que Diaspóricas 2 vem para afirmar o lugar político de fazer, gerar uma economia profissional de cinema, em que pessoas negras desempenham as funções mais prestigiadas no campo cinematográfico, que são direção, roteiro, montagem e direção de fotografia. “Todas as funções de maior prestígio no universo do cinema são ocupadas por mulheres negras que são capazes e têm trabalhos de excelência”.
Na Internet
Diaspóricas nasce como uma série documental e surge por conta da inquietação do reconhecimento, pela vontade de mostrar o que mulheres negras são capazes de gestar e criar, pelo movimento que sentimos no corpo quando ouvimos uma mulher negra produzir música. Já com duas temporadas disponíveis no YouTube (https://www.youtube.com/@diasporicas1595). Cantando e tocando essas mulheres atravessam fronteiras, sejam elas territoriais ou invisíveis, e solidificam uma relação do corpo feminino com a arte musical.
O longa Diaspóricas, dirigido e roteirizado pela cineasta Ana Clara Gomes, conta a história da MPB, Música Preta Brasileira e afirma que a música brasileira é uma mulher negra e o encontro de mulheres em diáspora é capaz de ressignificar as opressões estruturais do racismo e do sexismo.
As histórias das musicistas goianas Flávia Carolina, Kesyde Sheilla, Maximira Luciano e Inà Avessa se cruzam em um encontro musical e ancestral inédito para rememorar o passado e pensar um afrofuturo de possibilidade ao povo negro. Elas são terra, fogo e ar que, quando se encontram, tornam-se o movimento das águas para fazer fluir a vida por meio da música.
“São profissionais renomadas e com muita competência que produzem um projeto que nasce do coração da diretora Ana Clara e cativa todas as outras mulheres que se aproximam e se envolvem com o projeto Diaspóricas. É um reconhecimento das profissionais que estão envolvidas no projeto”, conceitua Jordana.
Mirando no futuro sem deixar de olhar para a ancestralidade, Diaspóricas é o encontro que as águas sonoras provocam nessa terra tão distante do continente mãe e é pela música que o encontro é possível. Mulheres negras reúnem sons, timbres, ritmos, letras e melodias para mostrar que a música é uma mulher negra em ascendência.
É por meio da música que vidas e histórias são recontadas e ressignificadas. São canções e instrumentos que cantam os sonhos de mulheres que não poderiam ousar devanear. E o longa é a ousadia do sonhar materializada em encontros provocados e impensados, o registro de musicistas que criam mundos com suas vozes e instrumentos musicais.
Sinopse dos filmes:
Fala Sincera (Yacewara Pataxó, 10 min, 2023)
É a primeira vez que Yacewara viaja sozinha. No meio da aventura, ela envia uma videocarta para sua mãe, Sirleide. Um filme afetivo e íntimo sobre descobertas, pertencimentos e medos do início da vida adulta e de uma relação que se inicia com o audiovisual, realizado durante a oficina de formação audiovisual e política ministrada por Mari Corrêa, Sophia Pinheiro e Mara Vanessa Duarte.
Ooni (Lilly Baniwa, 6 min, 2021)
Ooni na língua baniwa quer dizer água. Água preta do Rio Negro, água branca para matar a sede depois de um dia de trabalho na roça. Água de igarapé para se banhar, água para o pajé benzer e curar da doença, água que as mulheres carregam sob suas cabeças. Água parada do lago que assoreou, água suja da cidade que vai cerceando as comunidades. Mulheres Baniwa da comunidade de Itacoatiara-Mirim, cidade de São Gabriel da Cachoeira/Amazonas, trazem no seu corpo-água histórias e danças que compõem suas formas de resistência.
Projeto Cinemas negros e indígenas para sonhar outros mundos
As sessões de cinema e debates do Cineclube Maria Grampinho realizadas neste primeiro semestre de 2024 integram o Projeto “Cinemas negros e indígenas para sonhar outros mundos”, aprovado pela Lei Paulo Gustavo - Chamada pública nº 001/2023 - Secretaria Municipal de Cultura – Goiânia/GO (Modalidade Apoio à realização de ação de Cineclubes). O projeto visa a formação de público por meio do acesso a cinematografias negras e indígenas; e realizou exibições gratuitas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes e em escolas públicas de Goiânia.
Maria Grampinho
Fundado e dirigido pela pesquisadora Ceiça Ferreira, o Cineclube Maria Grampinho é um espaço educativo, sem fins lucrativos que visa a democratização da cultura e é também uma opção de lazer na região Norte de Goiânia. O nome do cineclube homenageia essa personalidade negra da Cidade de Goiás e tem como objetivo principal ser um espaço de exibição e discussão de filmes dirigidos, principalmente, por pessoas negras.
Serviço:
O que: Lançamento de Diaspóricas II - O Filme
Quando: 29 de junho, às 17 horas,
Onde: Sertão Negro Atêlie e Escola de Artes - Rua Goiazes Q. P L.09 Setor Shangri-lá
Entrada gratuita.






